[RESENHA] O Castelo Animado | Diana Wynne Jones
Falar de O Castelo Animado e não pensar no filme de 2004 do Studio Ghibli é bem difícil, então vou começar a partir disso. O filme e o livro são obras totalmente distintas, eu mal chamaria o filme de adaptação. Suas semelhanças são superficiais, o que, de forma alguma, torna o filme ruim.
A caracterização dos personagens é totalmente diferente: o mago Howl é muito mais dramático e intenso, é um mulherengo covarde e é péssimo em lidar com problemas, sendo descrito muitas vezes como “evasivo e escorregadio” ao longo da narrativa. Sophie também mudou, ela é menos doce e paciente, bem mais explosiva e melancólica. Em suma, todos os personagens são diferentes. Calcifer mudou, a irmã da Sophie mudou, até a Bruxa das Terras Desoladas mudou, e isso é ótimo, pessoalmente , eu acho que os personagens do livro tem um pouco mais de personalidade, especialmente a Sophie e o Michael.
A escritora, Diana Wynne Jones, antiga aluna de Tolkien, caprichou em tudo aqui, os personagens parecem mais vivos e o mundo é rico em referências à contos de fadas, então podem ler, mesmo sendo super diferente do filme. Agora que eu já destruí suas expectativas de ler “uma versão mais detalhada do filme”, vamos para o enredo.
Sophie Hatter é a irmã mais velha de uma família com 3 jovens. Quando seu pai, dono de uma antiga chapelaria da cidade, morre, Sophie e as irmãs são deixadas ao cuidado de Fanny, a madrasta, e, com a situação financeira difícil, as irmãs são separadas e enviadas a diferente lugares para virarem aprendizes, menos Sophie, que herda a chapelaria do pai. Um destino não muito… empolgante.
Certo dia, depois de muito estresse, enquanto trabalhava na chapelaria, a jovem Sophie é surpreendida pela terrível Bruxa das Terras Desoladas, que a amaldiçoa e a transforma em uma senhora de noventa anos. Agora, com uma "motivação" e com medo de não ser reconhecida pela família, Sophie foge de casa e busca uma cura para a maldição. No caminho, encontra o castelo encantado do “malvado” mago Howl, que tem uma péssima reputação de devorar o coração das moças das cidades por onde passa.
Durante essa pequena missão, Sophie deve coletar pistas sobre o pacto do mago com o demônio, enquanto lida com um temperamento difícil e a cabeça dura de Howl, participar da estranha vida que todos naquele castelo levam, e, o mais importante, aprender mais sobre si mesma.
--//--
A narrativa de Diana Wynne Jones é leve e agradável, uma perfeita leitura relaxante e simples, mas com muita beleza e delicadeza. Eu gostei muito desse livro mais do que do filme. Histórias de fantasia mais pessoais, que não envolvem o fim do mundo ou uma super batalha épica do bem contra o mal são muito bem vindas.
Aprender o poder que as próprias palavras possuem, enquanto se descobre como indivíduo e se liberta das próprias inseguranças é infinitamente mais acolhedor que marchar até a terra longe e do mal e derrotar o grande cara malvado, apesar da antagonista do livro ter essas características. O livro então, é muito mais focado no desenvolvimento de Sophie como indivíduo. Dando a ela o poder de escolher quem ela quer ser, e como ela quer agir. Adorável.
Mas não, o romance não é central nessa história. Ele acontece bem sutilmente. Howl começa detestando Sophie e a ignorando, com o tempo, vemos crescer carinho, cuidado e dedicação. Eu, honestamente, gosto muito da dinâmica “casal que ama de discutir um com o outro”, mas, como eu disse, isso não é o foco da história. Então, se você quer ler e espera um romance arrebatador, não leia. Não é um romance.
Com muita magia, um universo fofo, diálogos cativantes e, por algum motivo, viagens interdimensionais (Sim, o Howl é do País de Gales), Diana Wynne Jones me conquistou e mostrou que escrevel mil vezes melhor que o Tolkien. De modo geral, é uma leitura satisfatória e aconchegante, como uma caneca de chocolate quente em um dia frio, e esse livro virou meu novo livro de conforto.
--//--
Obrigada por ler até aqui!
Beijinhos,
Comentários
Postar um comentário